terça-feira, 12 de agosto de 2008

ESPELHO

Cai a noite. E com ela, César. Isso mesmo, César caiu! Bêbado, completamente sem rumo pelas ruas do centro do Rio de Janeiro. Ele nem é de beber, mas naquele dia, sabe lá Deus por quê, ele estava de porre mesmo. Ele nem é de beber.

Devia der uma duas da manhã quando resolveu sentar em uma calçada e esperar o ônibus pra sua casa. César, mora há uns 100m do local onde estava, mas no estado em que se encontrava, até que valia a pena esperar um ônibus.

Certo dia vi um homem cambaleando muito e vindo em minha direção. Eu não estava sozinho, estava com o baterista da minha banda, estávamos chegando de um ensaio. Bom, lá vem o homem. Ele pára, pedi licença, se desculpa pelo incômodo, chora um tanto enquanto fala e admiti tudo. Que era viciado, estava à beira de perder seu emprego, sua mulher não o queria mais em casa e precisava voltar pra casa depois de tanto se drogar e beber. No fim das contas, pego R$ 2,00 que tinha no fundo do bolso, entrego ao homem e quando ele ia pegar sua carteira pra mostrar seu documento e guardar o dinheiro, eu falei:
- Não precisa me mostrar nada. Sei que seu nome é David.

Naquele instante, David parou. Recobrou uma consciência que dormia e não disse qualquer coisa. Ficou pasmo.
- Minha vida não vale nada...Ninguém me quer...Estou pra perder meu emprego. Vou mesmo é pegar uma arma e fazer assaltos.
- E se uma das pessoas que for assaltar for justamente eu que estou te ajudando pela segunda vez?
- Que isso! Nunca faria isso contigo, você não, você é meu amigo.
- E como vai saber se sou eu ou mesmo um dos meus filhos que você nunca viu? Olha, David. È segunda vez que nos vemos e você estava no mesmo estado. Estou te dando mais um crédito. Você esqueceu de mim, claro, mas eu não esqueci de você. Vai nessa e vê se pára com essa besteira toda. Quero vê-lo de novo, só que em outra condição.


David vai embora e não sei se voltarei a vê-lo. Será que estará com sua arma na mão pronto para despejar toda sua fraqueza e dor em mim ou em minha família?

- É...não moro longe daqui e não vou esperar ônibus nenhum. Levantei, bati a poeira e me pus a caminhar.

2 comentários:

Unknown disse...

Aconteceu comigo de um sujeito me pedir dinheiro dizendo que foi assaltado. Não dei, como sempre não dou. No dia seguinte, quase no mesmo local, o mesmo sujeito veio de novo com a mesma história. Não dei, mas dessa vez ele ficou puto. Aí eu lhe disse: mermão, tu vai ficar me contanto essa mesma história todo dia? O cara arregalou os olhos e saiu sem dizer nada. Era um viciado em pó, dava pra sacar. Assim como o da sua história deve ser viciado em cachaça. O mundo, meu irmão, é ainda mais cruel do que imaginamos: os peixes pequenos também sabem tirar seu naco dos maiores...

Marcelo Daguerre disse...

hola me llamo Marcelo daguerre soy Argentino y actor hace rato que tenia ganas de escribirte pero este dia es especial te mando un abrazo marcelo Daguerre